TUGAZOMBI

cadáver semi-frio com cereja na terceira narina

sábado, dezembro 24, 2005

1

de romper cadências da chuva – a testa
fulminante arabesco a sonhar demónios de saias

o útero da chaminé abre-se com
fugazes melodias de insectos despromovidos
em cada clareira
um mural
em cada haste em L vertendo
céus de demasia líquida
e instaura-se o centro da maternidade do cacto
de maternidade arbórea a luzir em qualquer sonho

sem que morra a ânsia de acordar

e na cabine homem e mulher olham a estrada
olham-na
engolem-na no limite visual
sob o alcatrão
flashes contínuos da contínua improbabilidade
da viagem

para lá do vidro algo espreita
acima das cabeças
alcatrão volátil
incolor acima das cabeças – a latência eminente
dum beijo de morte

homem e mulher impávidos
agrestes beijam esquinas
mantêm a expressão inicial do rosto
em acrílico tempo de menos a menos vivido
e largam cinzas do embrião sonhado
voam
queimam-se na névoa do alcatrão volátil

homem e mulher na cabine
olham
desovam tristeza
esparramada na chapa crua cruel inabitável
do alcatrão espasmado

– duas árvores secas
Porfírio Al Brandão
in episódios

3 Comments:

Blogger Conceição Paulino said...

restrata-nos, humanos, num mmt ou outro, dentro dos habitáculos. E pq retrata dói.

um muito feliz dia de Natal. Bjocas de luz e paz

8:28 da manhã  
Blogger Conceição Paulino said...

restrata-nos, humanos, num mmt ou outro, dentro dos habitáculos. E pq retrata dói.

um muito feliz dia de Natal. Bjocas de luz e paz

8:28 da manhã  
Blogger Conceição Paulino said...

é: retrata-nos!

8:28 da manhã  

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