TUGAZOMBI

cadáver semi-frio com cereja na terceira narina

terça-feira, fevereiro 20, 2007

Georgia O'Keeffe (1930)

bendiga-se verde a folha nova
com os cegos cloroplastos da fortuna

olhai-a encurvar ampla planície
trazendo sossego do caule
que o sopro minoritário estende a domínio duplo
duas cores: uma clara-marialva por ressalva
a outra escura-grávida de grave sanguinidade

todo o pedúnculo refaz a voz do rio
e ouve-se o rebolar miudinho
dos ovos no cálice mas
cá fora é um barco estridente
rasga águas à procura de novo amanhecer

que lagarta beijará ao contrário o amor
espelhado nos alicerces do casulo?

5 Comments:

Anonymous Anónimo said...

será uma lagarta escura de finas línguas de aço. o ourives há-de ir ao sopé da montanha mais longínqua procurar metais que o micro clima produz por entre vegetação rara. a água das folhas dessas plantas é uma lágrima tua conservada fora do tempo. ele tem mãos muito duras e golpes cutâneos onde deposita esta seiva índia. põe-se a levedar toda a vida até que escorre neste poema.

3:06 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

sorry, não resisti. beijinho muito grande, porfírio. bom feriado.

3:07 da tarde  
Blogger isabel mendes ferreira said...

Tu.


rio.
tu


voz.



tua voz de rio a entrar no mar.

ágil.


forte.


diferente.



esta a voz que não se repete.



beijo Al...de alto. altíssimo voar.

9:21 da tarde  
Blogger Maria P. said...

Mais uma obra d'arte entr'arte.

Um beijo*


(roubei poesia para a Casa, obrigada pela tua escrita)

10:21 da tarde  
Blogger martim de gouveia e sousa said...

x será e ao contrário, para afirmar a diferença. como diferente é, cada vez mais, esta tua deliciosa e inclassificável poesia. abraço.

10:28 da manhã  

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