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é o vento que me convoca, é o vento que me provoca
e a cadeira balouça: o velho
estirado completo na sua demência obscura
no seu passar igual dos anos
com a maresia dum louco cérebro à solta
balouça digerindo música seu diminuendo
da única alegria bebendo fluidos
planam pássaros
dolorosos cansaços vistos ao espelho
todo o dia toda a noite
e durante o sono masca aquele grão de loucura
obstipado na glândula
que à tarde amena se subtrai
ele repica passos, envolve-os em geleia crispada
e há migalhas na mesa
e há cadeiras fixas na memória
desmaiadas no pensamento
e há a ardência indolor dos olhos
água que jamais ressuscitará
irá de novo lançar redes para embrulhar peixes
e embalá-los num sono de alcofa
nunca mais dirá o seu nome
nem acariciará a fotografia
e o álbum há muito que é uma sepultura
há muito que alberga apenas traça
na sua vida minúscula
com vivência alegre da sua minúscula memória
mas que vive
vive
mesmo que minúscula a sua alegria
o velho arderá na planície
e nunca mais se ouvirá nele o eco da montanha
que algum dia lhe haviam falado
e a cadeira balouça: o velho
estirado completo na sua demência obscura
no seu passar igual dos anos
com a maresia dum louco cérebro à solta
balouça digerindo música seu diminuendo
da única alegria bebendo fluidos
planam pássaros
dolorosos cansaços vistos ao espelho
todo o dia toda a noite
e durante o sono masca aquele grão de loucura
obstipado na glândula
que à tarde amena se subtrai
ele repica passos, envolve-os em geleia crispada
e há migalhas na mesa
e há cadeiras fixas na memória
desmaiadas no pensamento
e há a ardência indolor dos olhos
água que jamais ressuscitará
irá de novo lançar redes para embrulhar peixes
e embalá-los num sono de alcofa
nunca mais dirá o seu nome
nem acariciará a fotografia
e o álbum há muito que é uma sepultura
há muito que alberga apenas traça
na sua vida minúscula
com vivência alegre da sua minúscula memória
mas que vive
vive
mesmo que minúscula a sua alegria
o velho arderá na planície
e nunca mais se ouvirá nele o eco da montanha
que algum dia lhe haviam falado
Porfírio Al Brandão
in episódios
6 Comments:
é muito bom Porfíro. mesmo. do melhor. excelente.
grande abraço.
parabéns.
Querido Porfirio,
Perfeito. E para a perfeicao nao ha adjectivos.
(Cada vez gosto mais de vir aqui ler-te...)
Abracicos!
não trabalhes Porfírio....há coisas palavras sentidos sentimentos que não se elaboram....surgem são voam planam e alcançam plenitudes insuspeitas....continua.
b ei j o s.
louvável episódio este e, no entanto, outros existem. abraços.
B.E.I.J.O.
e qnd o velho arder na planície na luz, no fogo, nas línguas dançantes ribombará pela última vez a voz-eco da montanha.
Lindo.
Bjocas de luz e paz
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