TUGAZOMBI

cadáver semi-frio com cereja na terceira narina

sexta-feira, janeiro 06, 2006

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escrevo a cear-te os átomos por saudade curva
doem-me as mãos de procurar granadas mínimas

a língua viaja pelo
mármore azedo – amêndoa
… desejo-a nos dedos

ouço turbinas no arcabouço veloz
ao lamber mucosas
e leio fundo nos tendões o verbo frígido
a engrandecer esse coito salivante das canoas febris
sob o artifício nascente de casulos luminosos

refazer-me-te praia daquela tarde
garças garganteiam-te o umbigo eruptivo
onde se aninha o precipitado coágulo violáceo
das marés inconfessas

abre-me válvulas
reata-me pérolas forradas a carne

e pensar que o coração é uma noz
um pedaço de mar aberto
à boca da cama

flutuante se me soluça o corpo
ao colher sementes na rouquidão nocturna
localizar-te nesse instante
em que a maré alta se confunde com o pólen
roubado à infância

os peixes beijarão a guilhotina
e não morderás a culpa que me veste de mar
nem tresloucarás a sede dos olhos que trespassam

o coração do cardume
Porfírio Al Brandão
in episódios

3 Comments:

Blogger Conceição Paulino said...

Bom f.s Bjs e :)

11:05 da tarde  
Blogger isabel mendes ferreira said...

UM EPISÓDIO QUE VALE A PENA REPETIR. ESTE TEU. INSTANTE.

BEIJO PORFÍRIO.

1:48 da tarde  
Blogger isabel mendes ferreira said...

B.E.I.J.O.

10:40 da manhã  

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