TUGAZOMBI

cadáver semi-frio com cereja na terceira narina

terça-feira, novembro 08, 2005

NECTURNO

anoitece
e não quero anoitecido este sangue

ofício gritante este, o de descer a escura noite à procura

do sopro que dizimou esconderijos do mapa
com a cinza ácida do meu abandono aos astros

é com esta luz que eu observo um cavalo a atirar-se
da mais alta cascata
com o peito florindo de paixão
os olhos sonhando abertos, o rosto empedrado
as patas curvadas e o peito florindo na queda
florindo e esmagando-se contra as rochas

o último relincho é o pólen anoitecido
memória adentro – falso néctar a envenenar as palavras

na garganta

nunca desejei como agora beber na cauda dum cometa

estremeço libertando a gaivota que pousará ferida
nas tuas mãos… aonde o bico?
e o esterno é uma adaga de sal que fragiliza
a simples ideia de amar
ou um nariz de quartzo pingando néon

que ilumina a raiz das diminutas asas

Porfírio Al Brandão
in Iconocaptor
pré-publicação

3 Comments:

Blogger isabel mendes ferreira said...

devastei-me. não sei que não dizer. mas posso dizer encanto. fera e chegada. bjo.

2:58 da tarde  
Blogger Rosario Andrade said...

Porfirio,
Genial! É mesmo este tipo de poesia que me faz vibrar! A palavras nao sao prisioneiras, fluem e ao mesmo tempo cinzelam sentimentos! Tem um sabor aveludado, moldam-se a alma e vao libertando um calorzinho bom, sao um afago etereo e doce. LINDO,LINDO, LINDO!

Abracicos!

3:50 da tarde  
Blogger isabel mendes ferreira said...

QUERO maIS. BJOS.

10:08 da tarde  

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