TUGAZOMBI

cadáver semi-frio com cereja na terceira narina

quarta-feira, agosto 30, 2006

Picasso (1922)

olharam o dente como se
abocanhassem a orla dalgum cabo principesco
com a pressa de pentearem sonhos que no pestanejo
se escangalham ao redor desse defunto castrador
à distância fóssil duma nova ilha intocável

entrassem elas docemente pela raiz esbatida
na onda doutro sangue já envelhecido
doando curvas a um bolbo maior entre os eleitos
sonhos de morder almofada ou viajar fundo
em sono cru

vissem elas o poder das naus nesse mesmo dente
o grande caldo calcário onde se lavam as estepes
com direito à marcha fúnebre de bonecos pomposos
quando na ladeira esmaltada não se roça o linguado
saído da torneira a pingar-lhes nas cabeças

e soubessem elas que os pingos são soldados
mortos por tecelagem burocrática e que
em selada idade irão sacudir os brincos em fúria
com ambas as mãos no peito

– o dente – perguntei-lhes porque veneram

de manhã as gemas de sal
e elas responderam-me que o sal todo é da manhã

3 Comments:

Blogger martim de gouveia e sousa said...

marfim e sal, felizmente. abraço.

1:01 da manhã  
Blogger isabel mendes ferreira said...

!



todo o sal. o teu. o sal purificador.


as tuas palavras.

e o meu até breve.


beijos. salgados.

7:01 da tarde  
Blogger alice said...

querido porfírio,

as minhas desculpas, antes de mais

fizeste uma visita tão bonita

mas só hoje pude retribuir

li-te demorada e prazeiramente

espero-te bem e beijo-te

tu és especial ;)

alice

3:43 da tarde  

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