Carlos Calvet (2000)
a primeira imagem é a do bebé ver
desaparecido o brinquedo debaixo
do tapete
para desconhecida dimensão do universo
depois surgem esboço a esboço
as paredes
comem área cada vez mais paredes
fortificam-se pelo tempo
mais baças do que verdes
ainda presas aos pés
as raízes de todas as plantas
ainda viva a sabedoria das árvores
no espírito
ainda intacto o contorcionismo das heras
e madressilvas
nos músculos
os reinos beijam-se
a herança dissimula-se
profunda e invisível prevalece
até que o homem cansado e velho
abraçado à rocha e dela já parente
confesse o berço vegetal
nos primeiros nós da carne