Picasso (1922)
olharam o dente como se
abocanhassem a orla dalgum cabo principesco
com a pressa de pentearem sonhos que no pestanejo
se escangalham ao redor desse defunto castrador
à distância fóssil duma nova ilha intocável
entrassem elas docemente pela raiz esbatida
na onda doutro sangue já envelhecido
doando curvas a um bolbo maior entre os eleitos
sonhos de morder almofada ou viajar fundo
em sono cru
vissem elas o poder das naus nesse mesmo dente
o grande caldo calcário onde se lavam as estepes
com direito à marcha fúnebre de bonecos pomposos
quando na ladeira esmaltada não se roça o linguado
saído da torneira a pingar-lhes nas cabeças
e soubessem elas que os pingos são soldados
mortos por tecelagem burocrática e que
em selada idade irão sacudir os brincos em fúria
com ambas as mãos no peito
– o dente – perguntei-lhes porque veneram
de manhã as gemas de sal
e elas responderam-me que o sal todo é da manhã
abocanhassem a orla dalgum cabo principesco
com a pressa de pentearem sonhos que no pestanejo
se escangalham ao redor desse defunto castrador
à distância fóssil duma nova ilha intocável
entrassem elas docemente pela raiz esbatida
na onda doutro sangue já envelhecido
doando curvas a um bolbo maior entre os eleitos
sonhos de morder almofada ou viajar fundo
em sono cru
vissem elas o poder das naus nesse mesmo dente
o grande caldo calcário onde se lavam as estepes
com direito à marcha fúnebre de bonecos pomposos
quando na ladeira esmaltada não se roça o linguado
saído da torneira a pingar-lhes nas cabeças
e soubessem elas que os pingos são soldados
mortos por tecelagem burocrática e que
em selada idade irão sacudir os brincos em fúria
com ambas as mãos no peito
– o dente – perguntei-lhes porque veneram
de manhã as gemas de sal
e elas responderam-me que o sal todo é da manhã