James Ensor (1911)
humanidade – o passeio
por tantas asneiras
cheira sempre a sangue
em todas as palavras
fora e dentro do corpo
e na valeta
humanidade – duas pernas ao lado
um lado nunca cicatrizado
para neste branco lugar
olhar de longe um gato
por tantas asneiras
cheira sempre a sangue
em todas as palavras
fora e dentro do corpo
e na valeta
humanidade – duas pernas ao lado
um lado nunca cicatrizado
para neste branco lugar
olhar de longe um gato
cresce gato preto
pelos teus olhos de pantera
que eu me fico a tocar o tórax
a ponto de o julgar fruta
e justificar ar em falta
com arranhada tosse
grisalho e lento fosse o líquen
enrodilhado no coração
pelos teus olhos de pantera
que eu me fico a tocar o tórax
a ponto de o julgar fruta
e justificar ar em falta
com arranhada tosse
grisalho e lento fosse o líquen
enrodilhado no coração
humanidade – pintar o pão
para morrer espumando tinta
jamais desabrochar noutros ouvidos
ouvir antes quebrarem-se pétalas
ou vidros
humanidade – repensá-la
como quem se maquilha
há sempre guerra e tudo é mato
– morrer e oferecer à morte
um queijo azul muito velho
2 Comments:
belo apontamento poeticoplástico com um brutal e esmaecido queijo azul! admirável acto! abraço.
querido porfírio,
é realmente única a tua forma de expressão, mas depois do comentário eloquente do martim, nada me resta acrescentar a não ser um grande beijinho
obrigada por existires,
alice
Enviar um comentário
<< Home